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Aboyomi atravessa o Atlântico e ressignifica sonhos no Sarandi

As Dandaras organizaram uma oficina de confecção de bonecas abayomis ministrada pela psicóloga Marta Vidal, e uma Roda de Conversa com um grupo de mulheres negras.


Na tarde desta quarta-feira (24/07), estivemos acompanhando as Dandaras: Vera Cintra, Cintia Nunes, Maria Coceição Vidal, Lucélia Gomes da Silva e Ana Pacheco, na construção de seu trabalho final do Curso Dandaras – Construindo o Pensamento Crítico de Mulheres Negras no Rio Grande do Sul. As Dandaras organizaram uma oficina de confecção de bonecas abayomis ministrada pela psicóloga Marta Vidal, e uma Roda de Conversa com um grupo de mulheres negras que participam do projeto “Costurando sonhos para protagonizar o Amanhã” desenvolvido pelo Instituto Sempre Mulher.

A oficineira convidada foi a psicóloga Marta Vidal. Foto: Maria Helena dos Santos / ASCOM Akanni

As Dandaras: Vera Cintra, Cintia Nunes, Maria Coceição Vidal, Lucélia Gomes da Silva e Ana Pacheco, na construção de seu trabalho final do Curso Dandaras – Construindo o Pensamento Crítico de Mulheres Negras no Rio Grande do Sul no Instituto Sempre Mulher. Foto: Maria Helena dos Santos/ ASCOM Akanni

A atividade está em concordância com um dos objetivos do Curso Dandaras, ou seja, que suas alunas sejam protagonistas de uma mudança de paradigma que está em curso, na qual a identidade da mulher negra e a valorização das mulheres estão incorporadas em suas práticas e multiplicadas por onde elas passam. Assim, as Dandaras tinham como objetivo oportunizar através da oficina o resgate da História Africana e Afro brasileira, bem como da história de vida de cada uma das participantes. As aboyomis, uma palavra de origem ioruba que significa “precioso encontro”, eram construídas pelas mulheres negras africanas trazidas nos navios negreiros com retalhos das roupas que usavam, o objetivo era trazer um pouco de alegria para seus filhos naquele trajeto tão doloroso e sofrido.

As bonecas abayomis são feitas com retalhos de tecido. Foto: Maria Helena dos Santos / ASCOM Akanni

O espaço escolhido assim como o público alvo não poderiam ser outro. Localizado no bairro Sarandi, em Porto Alegre, o Instituto de pesquisa e intervenção sobre relações raciais – Sempre Mulher – é uma organização não governamental sem fins lucrativos. Desde abril de 2002 atua em defesa da cidadania e da valorização social de famílias em situação de vulnerabilidade, para tal realiza ações pontuais e projetos realizados através de seleção em editais públicos e privados. Um destes projetos é o “Costurando Sonhos para protagonizar o Amanhã”, que visa a construção de uma Marca de produtos artesanais feitos com materiais recicláveis, principalmente tecidos, assim o projeto atende 10 mulheres negras moradoras da zona norte de Porto Alegre que participam de oficinas de corte e customização de tecidos no período de 6 meses.

“A nossa luta é uma luta constante. Nós somos uma resistência na Zona Norte de Porto Alegre, um espaço de formação coletiva, que parte da ideia que nós temos que nos apropriar das coisas que estão ao nosso favor, principalmente das políticas públicas de ações afirmativas. Nós temos um compromisso a partir da nossa formação durante o Curso Dandaras, de nos unir cada vez mais, temos que estar junto daqueles que tem o mesmo ideal de projeto político para nós mulheres negras”, afirma Vera Cintra, idealizadora e criadora do Instituto Sempre Mulher. Mesmo que a história recente do país mostre avanços em termos de redução da pobreza extrema, ampliação da escolaridade e adoção de ações afirmativas para minorias, ainda há grandes desigualdades entre homens, mulheres, negros e brancos no Brasil. Mas para as mulheres a situação é ainda mais difícil, pois, vivem uma dupla discriminação – gênero e raça/etnia.

Vera Cintra, criadora e idealizadora do Instituto Sempre Mulher.Foto: Maria Helena dos Santos / ASCOM Akanni

O Curso Dandaras, realizado pela Akanni – Instituto de Pesquisa e Assessoria em Direitos Humanos, raça, gênero e etnias, propos que suas aulas fossem um espaço de acolhimento e de escuta das mulheres negras participantes. Mais do que isso, que elas saíssem do curso com a compreensão do que é ser mulher negra no sul do país, além de estimular a vontade de conhecer mais a história do povo negro. Os trabalhos finais das alunas estão sendo um reflexo disso. Nesta sexta-feira (26/07) todas irão apresentá-los a partir das 13:30 na sala 102, do prédio da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


 

Texto: Maria Helena dos Santos

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