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Roda de Conversa com as moradoras do Morro da Polícia

Uma intervenção social realizada pela agente comunitária Vitória Marques.


A primeira turma presencial do Curso Dandaras: Construindo o Pensamento Crítico e Promovendo Formação Política de Mulheres Negras no RS terminou seus encontros presenciais. Agora as Dandaras estão produzindo seus trabalhos finais, isto é, uma intervenção política envolvendo as mulheres de suas comunidades.

Tivemos o prazer de acompanhar uma dessas intervenções realizada pela líder comunitária Vitória Marques, uma Roda de Conversa sobre o protagonismo das mulheres perante a comunidade Morro da Polícia, localizado no bairro Glória em Porto Alegre. Vitória é presidente da Associação de Mulheres pela Esperança (AMUE) que surgiu em 2009 e organiza atividades de inserção social de mulheres negras do Morro da Polícia.

"Eu sempre acreditei que o que fazíamos aqui era um movimento, mas após as aulas eu percebo que estamos construindo aqui no Morro faz parte do feminismo negro" Vitória Marques, presidente da AMUE.

Na quinta-feira (18/07) as mulheres da comunidade reuniram-se para discutir o feminismo negro que tem se consolidado e ganhado força na esfera social. O objetivo da Vitória ao organizar a atividade era demonstrar aquilo que ela aprendeu com as aulas do Curso Dandaras, isto é, que a teoria sobre o feminismo negro desenvolvida pelas pensadoras negras, como Sueli Carneiro e Lélia Gonzáles, deve estar aliada na prática. “Eu sempre acreditei que o que fazíamos aqui era um movimento, mas após as aulas eu percebo que estamos construindo aqui no Morro faz parte do feminismo negro. Nós promovemos o empoderamento das mulheres desta comunidade, muitas das que estão aqui tiveram suas vidas modificadas pelas nossas ações, algumas se tornaram líderes comunitárias como eu, outras se tornaram chefes de família se libertando das agressões sofridas por seus companheiros. Nesse barraco, minha casa, que eu cedi para os encontros da AMUE, pois ainda não temos um lugar só nosso para realizar nossas atividades, eu faço acolhimento de mulheres vitimas de violência doméstica e nós fazemos oficinas de produção de sabão, turbantes e demais produtos artesanais para geração de renda, para que elas sejam protagonistas de suas próprias histórias, sem depender de homem nenhum. Eu entrei no curso porque busco me qualificar para melhor atender essas mulheres”, afirma Vitória.


VItória Marques, presidente da AMUE recebeu as mulheres em sua casa, sede provisória da associação, com um lanche especial. Foto: Maria Helena dos Santos / ASCOM Akanni

As mulheres da comunidade do Morro da Polícia que se reuniram para falar de suas experiências de vidas e feminismo negro na tarde do dia 18 de julho. Foto: Maria Helena dos Santos/ ASCOM Akanni

As mulheres da comunidade do Morro da Polícia que se reuniram para falar de suas experiências de vidas e feminismo negro na tarde do dia 18 de julho. Foto: Maria Helena dos Santos/ ASCOM Akanni

A Vitória não é a única Dandara que é líder comunitária. Um dos objetivos do Curso Dandaras é promover o fortalecimento da rede de contatos destas mulheres negras, além de ampliar a comunicação de suas associações com outras, assim como com agentes sociais de outros bairros. Mais do que isso, permite o acesso à informação para as mulheres negras nestas comunidades, por isso a proposta de trabalho final do curso é uma intervenção nas próprias comunidades que estas fazem parte, com o intuito de que estas mulheres compartilhem os conhecimentos adquiridos durante o curso.


 

Texto: Maria Helena dos Santos

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